Sobre mim…
Penso que uma das coisas mais importantes de uma consulta é a relação médico-paciente. Essa relação fará com quem seu tratamento seja mais leve, que você se sinta segura e compreendida.
Como também sei que vocês sempre pesquisam sobre um profissional antes de se consultarem, e por vezes através de algum post decidem agendar uma consulta, ou não… Então também é importante para mim, que vocês se sintam conectadas a minha história, ou não. Porque após nossa consulta eu estarei completamente conectada a história de vocês, e possivelmente iniciaremos um jornada juntas.
Resolvi então falar mais sobre mim, sobre a Laís, não sobre a “Drª Laís”… e o porque essa exposição é importante para mim…
Decidi fazer medicina desde sempre, pelo que lembre, primeiro por ser a 4ª tentativa de gestação da minha mãe e a única que foi viável. E segundo por causa da minha avó Zilda, que sempre estava indo a médicos devido problemas cardíacos. Decidi que seria médica para cuidar dela e após o falecimento da minha avó (aos meus 14 anos) anos decidi que deveria cuidar de tantos outros que precisam de médicos que realmente se preocupam com o ser humano como um todo. Minha família, eu e minha avó passamos por muitos profissionais frios, indiferentes e negligentes…
Quando chegou na minha época de vestibular a faculdade de medicina era um grande desafio para mim; porque não poderia arcar com gastos que a faculdade requeria, o salário da minha mãe na época era muito menos do que uma mensalidade e naquele ano, iniciaram cotas e redução de vagas. E foi a partir deste momento que eu comecei a viver grandes milagres de Deus. Passei em algumas faculdades fora do estado, mas também não conseguiria me manter lá, foi então que consegui financiamento 100% de todo meu curso e fiz os 6 anos da faculdade de Medicina na EMESCAM.
Após a graduação trabalhei por 2 anos para juntar meu dinheiro para poder fazer a tão sonhada residência médica. Iniciei a residência médica de Cirurgia Geral em 2018 com o intuito de fazer em seguida especialização em Cirurgia Pediátrica, mas algo mudou neste percurso. Chamo de Planos de Deus. Iniciei um encanto e admiração imensa pela mastologia em nossos rodízios no final da residência de cirurgia geral. E vocês acreditem ou não, mas é verdade, comecei a sonhar com a entrada do Hospital das Clínicas de Vitória 2 meses antes das provas da residência da subespecialidade… foi quando uma residente do mesmo ano que eu disse que no Hospital das Clínicas tinha vagas para residência em Mastologia. Neste momento, vi que seria uma grande oportunidade de continuar morando no meu estado e aprender mais sobre aquela área da medicina que me despertou uma grande admiração. Fiz a prova, passei na residência e no primeiro dia como residente eu finalmente senti que havia “me encontrado”. Eu simplesmente estava fazendo e, ainda faço, o que amo.
Mas eu não sabia o que me esperava alguns anos depois, e por isso, eu falo que foram planos de Deus. Porque se eu não tivesse feito Mastologia como especialidade, eu também não teria sido capaz de me dar o diagnóstico de Câncer de Mama inicial aos meus 32 anos de idade.
Sim!! isso mesmo… às vezes nem eu acredito mas, eu mesma me diagnostiquei com câncer através de uma mamografia que resolvi fazer por acaso, aos meus 32 anos… Mas sabemos que não existe por acaso, isso tudo foi obra de Deus. Ele me colocou em posição de poder dar um diagnóstico de um carcinoma extenso, porém em fase inicial (quando comparado a outras mulheres da minha idade) da minha mama esquerda. E foi então, que eu passei a compreender cada queixa, cada sentimento, cada aflição, cada dor, cada perda que cada uma das minhas pacientes haviam sentido e tudo isso mudou a minha forma de cuidar, diagnosticar, acolher e tratar. E foi também quando compreendi, toda a preparação que Deus estava fazendo em mim.
Hoje estou aqui para dizer cientificamente e como experiência de vida que diagnósticos precoces salvam vidas, que a mamografia salva vidas, e que o câncer É SIM um grande obstáculos, mas que com fé e com profissionais habilitados somos capazes de vencer.
Hoje não vejo mais a mastologia como puramente um trabalho, mas também como propósito de vida de alertar todas as mulheres dos riscos do câncer de mama, da necessidade da prevenção e de melhores formas de acolhimento.